sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Considerações provisórias 2

É impressionante como política na maioria das vezes não interessa ao povo brasileiro.

As pessoas reclamam dos candidatos, mas de fato, poucos refletem ou reclamam de seus próprios atos. A memória dos brasileiros por muitas vezes tem se mostrado bastante curta. Alguém me explica como pode Fernando Collor de Mello quase disputar o 2º turno para o cargo de Governador do estado de Alagoas no ano de 2010? E antes disso... como fora senador do ainda Alagoas? Pior que diante de tudo isso, ainda sim, presenciamos a dificuldade pra validar a Lei do "ficha limpa" as vésperas de uma eleição... afinal, pra que a pressa?!

O eleitor as vezes não compreende que a democracia em exercício, como já dito em post anterior, é não somente o ato de votar, mas também, dentre outras coisas, o acompanhamento do percurso do candidato ao qual fora delegado o “poder” de representatividade. O governo não é do político x ou y apenas. O governo é do povo! Deveria ser de todos! Se o povo não está de acordo com o tipo de governo, ou se as propostas eleitorais não são cumpridas durante o mandato, é o povo quem deve também fiscalizar e ir pras ruas exigir que a política não seja "essa palhaçada” como muitos fazem questão de admitir em alto e bom som. E são esses mesmos, que por muitas vezes nem sequer lembram em quem votaram para os demais cargos que não o de presidente... como então cobrar alguma coisa? Sendo assim, o “circo” é montado e segue seu itinerário levando gargalhadas a fora; de alguma forma tem público cativo, passivo, sempre nas fileiras e cadeiras, atentos, em alguns momentos até aplaudindo. Muitos se distraem com o doce, com a pipoca, com a paquera que está ao lado, com a chuva que segue do lado de fora... enfim, seja qual for o motivo, o particular é sempre mais importante que a cena, ou seja, nesse caso o cenário político.

Muitas pessoas, em especial a comunidade cristã, estão se manifestando contra a candidatura de Dilma Roussef à presidência, baseando-se em algumas questões que tem aparecido no quadro eleitoral já há algumas décadas. Não é com intencionalidade de julgamento que faço esse comentário, apenas sugiro que possamos parar pra pensar o porquê não nos unimos assim para criticar o dinheiro que é desviado da saúde e da educação, por exemplo, ou para defendermos o combate a pobreza, ao preconceito, a segregação, as vozes que são caladas diariamente? Por que não reflitimos sobre essa visibilidade e produção de conhecimento impossibilitada para alguns específicos grupos socias? O que é mostrado na maioria das vezes, geralmente se faz através de uma lente negativa, afirmando a desclassificação, mantida pelo discurso midiático, que por muitas vezes reproduzimos. Mas porque poucos questionam o que afeta o outro, quando a questão não nos afeta? Exitem muitas questões que ferem também os princípios cristãos e que desejariam chamar a mesma atenção que algumas tem chamado nesse último mês. Vamos pensar sobre a pobreza, a educação, a saúde, a falta de amor, a violência, a intolerância, a desigualdade social... seria muito bom se essas coisas nos motivassem a exigir uma posição dos canditados e do governo.

O PSDB agora está preocupado em acusar o PT como “o partido que não gosta da imprensa”, mas o “papel” para o qual a maior parte da mídia atualmente se presa pode se dizer questionável. O Brasil nunca esquecerá a contribuição de uma parte militar, direitista e conservadora do governo/população que calou jornalista e matou seus opositores, numa ditadura que está logo ali atrás... dessa censura não se toca no assunto. O que se discute em relação a censura atualmente é apenas a superficialidade, ninguém quer partilhar a monopólio dos meios de comunicação, preocupam-se apenas se vão poder continuar manipulando e “construindo” o cidadão de modo favorável a manutenção da “ordem”! Pouco se discute democratizar os meios comunicativos e viabilizar a liberdade de expressão, isso não é assunto pra pauta! É importante lembrarmos, como já diria um bom professor de sociologia que conheço, que “a primeira versão é sempre a primeira versão e não o fato”, sendo assim, por vezes, faz bem desconfiar da primeira versão.

As vésperas de um 2º turno, assim como devemos pensar em quem iremos votar, seria interessante pensarmos a nossa atitude enquanto cidadão, a nossa atitude enquanto povo, que acredito ser um povo com muito valor e que muito pode! Nesse sentido eu não desejo a manutenção da ordem... não dessa “ordem” que bem conhecemos! Eu prefiro a dúvida, o questionamento, a transformação! Isso que tanto lutam pra que não possamos conquistar!!

Querem corpos dóceis. Sendo assim... eu prefiro o “caos”.... Bem vindo seja!


Joyce Abbade

26 comentários:

Pedro Prado disse...

Tem que analisar, repensar, analisar de novo e pensar mais um pouco!
Fazer merda não dá, né?

Sandro Mangueirense disse...

Infelizmente vivemos em tempos de sensacionalismo. Tudo hoje gira em torno da notícia, da imprensa,e da futilidade e do instantâneo. Assim como surgem artistas, BBBs, que da noite pro dia se lançam ao estrelato, e no outro, já são ilustres desconhecidos, assim acontece em tempos de eleições. Os candidatos preocupam-se muito mais em falar do outro, do que apresentar propostas sérias. É ridícula uma campanha eleitoral baseada em posicionamentos religiosos, sexuais, e outras 'bandeiras" que no final das contas, continuarão onde sempre estiveram, ou seja, esquecidas. Eu lamento essa democracia falsa que vivemos. Uma democracia, onde nossa liberdade não existe. De cara, somos obrigados a votar. Democracia com obrigatoriedade? Paradoxo! O Brasil quis votar livremente, e agora, que tem o brinquedo na mão, não sabe usar. Somos um país pasteurizado, onde ouvimos o galo cantar sem saber onde, e simplesmente dizemos bom dia, achando que de fato o canto do galo anuncia o dia nascendo. A mim honestamente, não fará a menor diferença se ganhar a candidata fabricada pelo PT, ou o candidato pré-moldado nas fábricas de políticos do PSDB... No final, tudo vai continuar como está! Essa eleição já tem um perdedor, desde sempre: o povo brasileiro, e sua democracia com nariz de palhaço!

http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/

Yon disse...

Eu não sou assim tão pessimista. Acho que é isso tudo é democracia sim, e não acontece só no Brasil este circo.Tem países " civilizados" que acontecem coisas até pior. Tudo isso é democracia, um tipo de democracia, porque existem democracias e democracias!Então, estamos construindo (e desconstruindo) a nossa, à nossa maneira e do nosso jeito.

Felipe Lucena disse...

Por piores que sejam os candidatos, ainda podemos escolher um. Isso já é de muita validade. E o PT pode ser sim muito perigoso pra mídia. E a mídia perigosa pra eles. Somos um país livre. Até para um ofender outros.

' Aℓℓɑɳ ɗɑѵiɗ disse...

Temos que saber em quem votar

Anônimo disse...

1/3 do povo brasileiro vota com a barriga e não com o cérebro. Votam em quem eles acham que vão dar mais migalhas pra eles.
Outros 1/3 votam por pura burrice mesmo. Porque não procuram e nem se interessam em saber sobre os candidatos.
Os outros 1/3 que votam consciente se fodem por causa da grande maioria que é Burra!!

Unknown disse...

Ambos são muito ruins, porém temos que decidir qual deles deverá governar e fazer menos cagadas possiveis, analisando o histórico.

Juliana Amado disse...

Eu concordo com o Yon. Acho que é uma democracia. Mal exercida, mas uma democracia. Se está do jeito que está, é porque o povo escolheu. Escolhem mal, por falta de cultura, dicernimento, conhecimento... mas ainda assim, escolhem.
Acompanhar acontecimentos exige um mínimo de cultura para compreender. Não dá para exigir tanto dos iletrados, que formam a grande maioria na nossa sociedade.

kbritovb disse...

é isso mesmo cara
agora o importante não é mostrar as propostas e sim mostrar quem é mais católico ¬¬
obviamente pq a maioria nesse país ainda é formada por católicos; se fossem evangélicos seria o contrário
religião não vai interferir se a pessoa vai roubar ou não
jogo de acusações, fez não fez já encheu o saco
pena que Marina não ganhou =/

Iguimarães disse...

Isto é intencional,de 1930 até cá,reina-se o populismo, dar um prato de feijão com farinha,já que ninguém dá nem prato já é um motivo de voto, uma gratidão. Mal sabem que é obrigação.
Pequenas revoltas encubadas, partidos de esquerdas e pessoas contra o sistema são ridcularizadas. Pq legal mesmo é votar em qualquer um
Mas e você lembra quem votou pra deputado,ou apenas segue a moda de esculachar os deputados mais votados?!

Nicelle Almeida disse...

O cenário político brasileiro só irá mudar quando as pessoas daqui começarem a tratar a política como algo sério. Enqaunto isso n acontecer, vai ser assim, esse caos.
Um forte abraço!!!
www.nicellealmeida.blogspot.com

Unknown disse...

eu ja tenho meu candidato...agora e só esperar...pra ver o que acontece,,,

Paulo Sousa disse...

Vote Nulo,farei isto :/ ja que nao acredito em proposta de politico!!!!

www.gatobebadowebs.blogspot.com

Bruno Costa disse...

A mídia não fez questão de esconder, em todo tempo, seu descontentamento em aturar um operário como presidente da república. Mas Lula não censurou mais nem menos que outros tantos presidentes, sem contar os ditadores é claro, mas que também por muitas vezes contaram com o apoio da mesma mídia. Pegou no pé de Lula o tempo todo, mais que com outro qualquer, demonstrando sua má vontade em acusar e pouca fé para aclarar as críticas. A mídia não é democrática, pertence a quem pode pagar para gerencia-la. Cabe-nos o senso crítico, coisa que não temos visto em grande parcela da sociedade, que não elegeu Dilma por jogada suja de marketing em cima da hora, que apelou ao moralismo retrógrado do povo. Quem sai perdendo somos todos que não votamos segundo nosso próprio ganho, mas pelo que acreditamos que a sociedade precisa para se tornar mais justa e digna. Perdem mais ainda as mulheres e os gays. Parabéns aos evangélicos pelo direito mantido de serem preconceituosos! Aleluia!

Wellington Gabriel disse...

Excelente retrato do que está acontecendo... muito bem explanado. Abaixo a alienação ou então bem vindo ao "caos".

Grande abraço!

Pobre esponja disse...

Eu sou anarquista e apolítico. E te garanto que entendo mais de política que muitos partidários.
O povo não se interessa pela política. Quem dera em cada mensalão fizessemos passeatas "na paz". Mas, quando o curíntia perde, a mobilização é total.
Cada povo tem os governantes que merece. Nos resta: relaxar e gozar.
Parabéns pelo ótimo post.

abç
Pobre Esponja

Nicelle Almeida disse...

Já comentei por aqui sobre o post. Te desejo, então, uma ótima tarde!!!
Um forte abraço =)
www.nicellealmeida.blogspot.com

Nicelle Almeida disse...

Ótima tarde para vc, meu amigo.
Me visita lá no blog ;)
www.nicellealmeida.blogspot.com

Unknown disse...

De fato, o povo brasileiro é exemplo, de desinteresse e memória curta

Francisco Saldanha disse...

Por isso continuamos na mesma.

Marcos Costa Melo disse...

É por aí, concordo com quase tudo, mas ACHO que, numa perspectiva histórica, as coisas estão melhorando e isso inclui a participação popular.

abs

Fernanda!!!! disse...

Oi!!!!!!! Concordo inteiramente com tigo meu, a galera não se interessa por política, não pesquisa, não sabe em quem vota, e aceita tudo o que eles fazem la dentro.
Por isso a política no brasil é essa vergonha.
deixo meu blog para comentários de todos:
http://dorinnha.blogspot.com
um beijão e adorei seu blog.

Tito disse...

A direita agora posa de boazinha e vítima, pura hipocrisia.

Mari ♥ disse...

Penso que a mídia exerce bem o seu poder de manipulação sendo um instrumento digamos...útil nessa época. Útil para eles, não para nós. E infelizmente contam com a ingenuidade, a passividade o desinteresse e a falta de memória de uma maioria. Tenho comigo a desesperança de votos conscientes, vendo que pouca coisa se modifica e o quanto nada é levado a sério nesse país. Através da mídia, costuma-se alardear as 'providências tomadas' em relação a vários setores, mas eu penso que a melhor avaliação que podemos fazer é observando dia-a-dia como as coisas funcionam, no que diz respeito a saúde, educação, segurança, etc.

pris disse...

o consumismo é assustador

Unknown disse...

a forma burra como se consome é o que mais me assusta.