É impressionante como política na maioria das vezes não interessa ao povo brasileiro.
As pessoas reclamam dos candidatos, mas de fato, poucos refletem ou reclamam de seus próprios atos. A memória dos brasileiros por muitas vezes tem se mostrado bastante curta. Alguém me explica como pode Fernando Collor de Mello quase disputar o 2º turno para o cargo de Governador do estado de Alagoas no ano de 2010? E antes disso... como fora senador do ainda Alagoas? Pior que diante de tudo isso, ainda sim, presenciamos a dificuldade pra validar a Lei do "ficha limpa" as vésperas de uma eleição... afinal, pra que a pressa?!
O eleitor as vezes não compreende que a democracia em exercício, como já dito em post anterior, é não somente o ato de votar, mas também, dentre outras coisas, o acompanhamento do percurso do candidato ao qual fora delegado o “poder” de representatividade. O governo não é do político x ou y apenas. O governo é do povo! Deveria ser de todos! Se o povo não está de acordo com o tipo de governo, ou se as propostas eleitorais não são cumpridas durante o mandato, é o povo quem deve também fiscalizar e ir pras ruas exigir que a política não seja "essa palhaçada” como muitos fazem questão de admitir em alto e bom som. E são esses mesmos, que por muitas vezes nem sequer lembram em quem votaram para os demais cargos que não o de presidente... como então cobrar alguma coisa? Sendo assim, o “circo” é montado e segue seu itinerário levando gargalhadas a fora; de alguma forma tem público cativo, passivo, sempre nas fileiras e cadeiras, atentos, em alguns momentos até aplaudindo. Muitos se distraem com o doce, com a pipoca, com a paquera que está ao lado, com a chuva que segue do lado de fora... enfim, seja qual for o motivo, o particular é sempre mais importante que a cena, ou seja, nesse caso o cenário político.
Muitas pessoas, em especial a comunidade cristã, estão se manifestando contra a candidatura de Dilma Roussef à presidência, baseando-se em algumas questões que tem aparecido no quadro eleitoral já há algumas décadas. Não é com intencionalidade de julgamento que faço esse comentário, apenas sugiro que possamos parar pra pensar o porquê não nos unimos assim para criticar o dinheiro que é desviado da saúde e da educação, por exemplo, ou para defendermos o combate a pobreza, ao preconceito, a segregação, as vozes que são caladas diariamente? Por que não reflitimos sobre essa visibilidade e produção de conhecimento impossibilitada para alguns específicos grupos socias? O que é mostrado na maioria das vezes, geralmente se faz através de uma lente negativa, afirmando a desclassificação, mantida pelo discurso midiático, que por muitas vezes reproduzimos. Mas porque poucos questionam o que afeta o outro, quando a questão não nos afeta? Exitem muitas questões que ferem também os princípios cristãos e que desejariam chamar a mesma atenção que algumas tem chamado nesse último mês. Vamos pensar sobre a pobreza, a educação, a saúde, a falta de amor, a violência, a intolerância, a desigualdade social... seria muito bom se essas coisas nos motivassem a exigir uma posição dos canditados e do governo.
O PSDB agora está preocupado em acusar o PT como “o partido que não gosta da imprensa”, mas o “papel” para o qual a maior parte da mídia atualmente se presa pode se dizer questionável. O Brasil nunca esquecerá a contribuição de uma parte militar, direitista e conservadora do governo/população que calou jornalista e matou seus opositores, numa ditadura que está logo ali atrás... dessa censura não se toca no assunto. O que se discute em relação a censura atualmente é apenas a superficialidade, ninguém quer partilhar a monopólio dos meios de comunicação, preocupam-se apenas se vão poder continuar manipulando e “construindo” o cidadão de modo favorável a manutenção da “ordem”! Pouco se discute democratizar os meios comunicativos e viabilizar a liberdade de expressão, isso não é assunto pra pauta! É importante lembrarmos, como já diria um bom professor de sociologia que conheço, que “a primeira versão é sempre a primeira versão e não o fato”, sendo assim, por vezes, faz bem desconfiar da primeira versão.
As vésperas de um 2º turno, assim como devemos pensar em quem iremos votar, seria interessante pensarmos a nossa atitude enquanto cidadão, a nossa atitude enquanto povo, que acredito ser um povo com muito valor e que muito pode! Nesse sentido eu não desejo a manutenção da ordem... não dessa “ordem” que bem conhecemos! Eu prefiro a dúvida, o questionamento, a transformação! Isso que tanto lutam pra que não possamos conquistar!!
Querem corpos dóceis. Sendo assim... eu prefiro o “caos”.... Bem vindo seja!
Joyce Abbade