terça-feira, 14 de outubro de 2008

Retrato carioca

O que está havendo com nossa “Cidade Maravilhosa”? Cada vez que ando pelas ruas desse nosso Rio de Janeiro chego sempre à mesma conclusão: CANSEI!
Não agüento mais sair nessas ruas fedorentas, com lixos e mais lixos sendo atirados pelo chão, por essa pobretada porca.
E quanta gente fedida logo pela manhã... um absurdo.
Esses mendigos imundos pedindo esmolas e infernizando o cenário carioca. É claro que, se essa cidade pretende ser maravilhosa, temos que limpar as ruas. Aqui não é lugar para eles. Só sabem lotar os hospitais com dengue, crianças remelentas e adolescentes grávidas.
Falta polícia nas ruas para nos trazerem mais tranqüilidade. Cansei de ver esses pivetes, que deveriam estar na cadeia, roubarem pessoas de bem e que nada tem a ver com suas vidas fracassadas. Lugar de bandido é na cadeia. BOPE nas favelas e Capitão Nascimento neles! Voto pela redução da maioridade penal já!
Quem gosta de estar na praia e ver aquele amontoado de casebres, um em cima do outro, com aquela gente feia e perigosa, enquanto pegamos um sol? Ou até mesmo quando somos surpreendidos pela nefasta presença destes seres, no mínimo suspeitos, fazendo algazarra e sujando nossas praias. Aquelas brincadeiras sem graça, aquela gente feia com seus rádios tocando funk e pagode. Ninguém merece!!! Aqueles cabelos cheios de creme, aqueles bigodinhos safados e cabelos pintados de amarelo. Admitam que não são caucasianos!!! Odeio pobre... Até a praia deveria ser privatizada. Pelo menos o ambiente seria melhor e mais bonito...
Só entendem de prostituição, roubo, tráfico e gravidez.
Picham as ruas, falam alto, não tem educação, brigam, cheiram mal, se arrumam pior, e ainda não tem valores.
Todos fingem não saberem a causa do caos carioca e brasileiro.
Eu digo. A culpa é dos MISERÁVEIS!!!

Ass: um burguês indignado.



Bruno Costa

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Pra mim tem gosto do que é!!!

Olimpíadas, competições, modalidades coletivas ou individuais, o assunto era o mesmo nesse mês de Agosto de 2008. Madrugadas mal dormidas desejando a conquista.
Espírito olímpico no ar; “aquela” expectativa de vitória, de missão a cumprir, de mostrar para o mundo que o Brasil pode e que somos sim um povo que luta.

Será?

Pode ser que para questões relacionadas à torcida, relacionadas ao esporte, pra isso sim o “Brasil” tenha de sobra força de vontade pra lutar. Por exemplo, na última copa do mundo, me recordo que diversas pessoas eram liberadas do trabalho mais cedo para assistirem aos jogos, torcer e fazer voz para que o seu time fosse ouvido! Batiam o pé por isso.
E em dias olímpicos a vontade de ser melhor do que se é, bate forte. Almejamos com toda intensidade a cor dourada, que é o topo mais alto. Choramos juntos, sofremos juntos, nos alegramos juntos, damos o nosso melhor, cantamos o hino juntos, alguns xingam, outros silenciam, mas fato é que poucos ficam indiferente. Não há mal algum em torcer, em ser liberado mais cedo pra ver o time do coração jogar. Mas porque para outras questões como a política, por exemplo, não percebemos esse Brasil tão unido pra reivindicar seus direitos? Por que o esforço não é o mesmo, ou sequer parecido?

Em alguns momentos nas olimpíadas em Pequim a medalha de ouro esvaiu-se entre os dedos quando estava certa da morada que teria.
Motivos pra isso? Diversos: falta de concentração, medo, insegurança, falta de sorte, falta de investimento, falta de fé, etc. Cada um tem a sua versão, além, claro, da nossa condição humana de sermos passível ao erro.
Porém a questão não é falhar, mas sim assumir essa derrota. Muitos discursos tentaram encobrir de forma leviana a derrota digna de alguns atletas. Alguns não queriam se conformar com um amanhecer mais prateado que dourado e diziam aos quatro cantos:
- Ah! Essa medalha pra nós é ouro, tem gosto de ouro e é isso que vale!!
Não a nada de mais em perder, em lutar, treinar e não conseguir. O problema é tentar tampar o sol e não admitir que a medalha, na prática, tem gosto do que ela é. Se ela é prata que seja saboreada como tal. Sabe-se lá o que faltou pra ser dourada? Pode ter sido injusto, mas veio de outra cor, então aceite-a dessa vez e não pra sempre, na próxima faça uma melhor diferença. Porém dê o valor completo para a vitória que conquistou.

Logo após o sonho olímpico, despertamos e deparamos com a realidade de eleições próximas. Será que nesse jogo apostamos todas as nossas fichas também? Será que acreditamos no Brasil e batemos no peito por um futuro melhor?
Quem sabe nos próximos mandatos o governo (escolhido por nós) não invista mais em educação e esporte? Talvez os próximos finais olímpicos sejam diferentes e melhores que esse...

Joyce Abbade

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Quanto vale?

Muito se fala hoje, em nossa sociedade, sobre uma grande mudança de nossos valores. Há ainda quem diga que simplesmente não os temos. Podemos notar grandes variações nos diversos modelos institucionais, como educação, emprego, moradia, casamento, família e, até mesmo a idéia de identidade.
No entanto, fazem-se necessárias algumas reflexões sobre o assunto. Talvez, devêssemos buscar analisar melhor, quais valores operam em nosso meio; percebermos quais pressupostos e preceitos funcionam no mundo contemporâneo. É claro que, não podemos aqui, contemplar a amplitude deste tema. Porém, creio que podemos ponderar acerca de algums lógicas que se fazem valer na atualidade.
Logo de início é preciso constatar o óbvio: nossa sociedade tem como "motor", o consumo. Todavia, um olhar mais aprofundado poderá notar que a questão não passa apenas por uma simples relação "compra-venda" de produtos, mas que, toda noção de liberdade comparece a esta lógica. O livre arbítrio proclamado na era neo-liberal não passa de uma liberdade para consumir. Nas propagandas mais diversas recebemos nossa alforria; "seja quem você quiser", à vista ou à prazo, débito ou crédito. "Aqui você pode!".
Nossos ideais de justiça escarnecem dos movimentos sociais e encontram abrigo no Procon e, nossa cidadania, carrega debaixo dos braços o código de defesa do consumidor. Eis os seus direitos.
A mídia proclama este axioma e captura a vida social, produzindo subjetividades faltantes, ávidas pelo consumo instantâneo e descartável. Um consumo de modas. Das roupas das novas coleções aos mais vendidos best sellers do momento. Na internet, um mundo de informações para você engolir, é claro, sem precisar ter o trabalho de mastigá-las. Imersos estamos no mundo das representações e o pensamento já não se faz mais necessário. O mercado de trabalho modifica-se a cada momento em cursos, livros, revistas e palestras para você se "atualizar" na corrida para ser o próximo Justos. Pura, ou melhor, impura ilusão que assenhoreia nossos sonhos e desonra nossa realidade.Nos tornamos consumidores de tecnologias descartáveis, celulares, televisores, sempre outros quando temos os nossos. Compramos estilos, programas, entretenimento. "Veja o que de legal vai acontecer. Você não pode perder".
Corpos inadequados, fora de forma, mas sempre empenhados em conseguir o corpo perfeito. Cabelos lisos e escovados. Curvas definidas, musculos malhados, calorias contados. Prontos para o consumo, para a cobiçada vaga no mercado das relações. Tarefa ingrata de estar em harmonia com os últimos modelos estéticos lançados pelo Photoshop. Permanecemos incansáveis, porém sempre constrangidos pela eterna inadequação. Modelos divinizados, servos culpados.
Toda essa lógica de ideais, leva, naturalmente, ao processo exclusão das más cópias, os incapazes. Todos os desataptados, pelos mais diversos motivos, são lançados fora. Lixo. Não vale nada. Axioma produtor de violência no cotidiano; das relações invisíveis às mais divulgadas pela imprensa. João Hélio para os assaltantes; empregada doméstica para os playboys; índio para os meninos de Brasília. Não servem.
E pra você? O que vale?

Bruno Costa

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Além do que se vê!

O ano de 2008 tem sido um ano de comemorações.
Refiro-me as comemorações aos 200 anos da chegada da família real portuguesa no Brasil! Pensando sobre este fato, é preciso refletir sobre o significado daquele e desse momento.
Inicio do século XIX – caracterizado pelo fim do Brasil Colônia e o início de um Brasil Império: escravos, luta, corrupção, covardia, agressão... nada muito diferente do que temos hoje.. em 2008 no Brasil da República, país do futuro!
Como colônia fomos governados por um Império Português, que detinha poderes econômicos, políticos e culturais sobre o Brasil. A realidade dos anos oitocentistas ainda impera nos anos 2000, porém não tão crua, um pouco menos visível. Uma exploração constante de um Brasil colônia – desde sempre – explorado por “matrizes”.
Regalias para uma corte “privilegiada”, “merecedora” do bom e do melhor, “superior”... fosse pela linhagem sanguínea de uma realeza ou por consentimento divino de outrora (como nos tempos medievais), porém sempre com privilégios. Colonizadores que aqui queriam viver como se fosse Europa, num país em que os colonizados já tinham sofrido um processo de civilização e “forçados” foram a deixarem seus costumes e crenças em nome da “civilidade”. Refiro-me a grupos como os índios e os negros, por exemplo, que por muitas vezes foram proibidos de manifestarem seus hábitos culturais locais e tiveram que se adaptarem a aspectos culturais que não faziam parte de seus costumes, assim como as redefinições do panorama urbano da época.
E hoje o que somos? O que absorvemos? O que criamos? O que recriamos? De fato não é uma resposta fácil de desenvolver, porém podemos refletir sobre essas questões e analisar se nos anos atuais somos ou não ainda tão dominados? Seja o domínio por países que ainda impõe – diretamente ou não - seus aspectos culturais como sendo os “mais adequados”, seja por um sistema capitalista financeiro ou uma exigência do mercado de trabalho que te “força” a não estagnar, seja por um desenvolvimento tecnológico cada vez mais crescente, que nos condiciona a almejar sempre a última novidade ou por uma lógica desenfreada de um consumo exacerbado que “permite” sermos reconhecidos, desejáveis, aceitos, merecedores, amáveis, etc. No entanto os que vão contra algumas “regras” do mundo contemporâneo não são tão bem quistos, os que não são lindos, os que não “esculpem” os corpos, os que são pobres, feios, sem estudo, sem dente, sujos, o que passam fome, os que não moram bem, os que não tem perna, os que não ouvem, os que não seguem a ditadura da beleza, os que não se flexionam para serem absorvidos pelo mercado de trabalho, os que reivindicam seus direitos e muitas vezes recebem o olhar de vergonha pelo “outro” que prefere ficar calado numa situação de injustiça porque simplesmente é mais fácil assim, porque não quer chamar atenção dos que estão a volta e podem pensar mal dessa atitude. No mundo contemporâneo o “lema” é preocupar-se com o particular, pois não há tempo pra pensar no outro, é se preocupar em estar incluído nos padrões de um sistema capitalista que nos insere numa lógica cada vez mais veloz. E o discurso contemporâneo utilizado tem sempre a mesma conotação: indicar uma incapacidade daqueles que não se esforçaram para chegarem ao mesmo nível do vizinho, por exemplo.

Vale comemorar a dominação de um povo que ainda possui mais da metade de sua população vivendo abaixo da pobreza - num país com a maior parte do povo apático politicamente, que pouco exige seus direitos, que normalmente vota e no ano seguinte já não se lembra mais em quem?
Enfim, sabemos que além desses acontecimentos somos sim uma sociedade com diversas qualidades, porém faz-se importante pensarmos com clareza e enfrentarmos aquilo que tem nos consumido como seres humano.

Joyce Abbade.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Intenções

"Refletir é algo que nunca se esgota e, portanto, escrever é sempre dizer alguma coisa ainda verde, ainda incompleta, titubeante. É ainda apalpar no escuro. Mas há que se tentar..."
João Augusto Pompéia.
Após pensarmos sobre possíveis primeiros assuntos para iniciarmos as produções deste blog, resolvemos descartar os leques que se abriram. Percebemos então, que seria interessante começarmos pela idéia do porquê da criação deste espaço.
Portanto, gostaríamos de iniciar nossas reflexões pensando primeiramente o título desta página, que pode parecer um tanto obscuro a princípio. Pensamos que este espaço poderia ser entendido como um dispositivo de discussão do cotidiano, dos acontecimentos do dia-a-dia. Ora, e como se dá nossa existência?
A cada momento somos atravessados por forças que nos afetam, transformando-nos. Estas forças que nos atravessam podem ser por exemplo, uma escola, ou uma igreja, família, acasos, pessoas, animais, etc. Através destas forças somos produzidos e produzimos enquanto pessoas, seres portadores de uma subjetividade sempre provisória, reconfigurando-se com, em e nos acontecimentos diários, a cada afeto sofrido.
Partindo então deste pressuposto, nossa criação estará consonante ao nosso cotidiano e, nossa maneira de vê-lo e interpretá-lo. Nunca esquecendo que também atravessamos vidas, afetando-as. Sempre lembrando que nunca somos neutros e, este mito - o da neutralidade - aqui não existirá.
Este espaço não pretende rotular uma maneira de enunciado, portanto diferentes meios de expressão serão contemplados. Abrindo espaço a criação do novo!
Entrem. Escrevam. Critiquem. Sejam conosco.

Novidades

Percebo um mundo que não via antes.
Com formas e moldes diferentes, distintos dos que me acostumei.
Hoje percebo mudanças, desejo mudanças, luto por elas.
Nem sempre fora tudo tão claro, tão límpido e tão latente.
Em mim, intensas cores vibrantes relatam as diferenças.
Percebo o cair da chuva, que sempre esteve presente... porém, eu não a sentia.
E agora a chuva encontra morada nessa alma calada que quer se libertar do silêncio.
Assim é a vida! Aproveite-a!
Preocupe-se menos com o perceptível (beleza, cabelos, normas, corpo, celulite, aparência, padrão)...
E ofereça o imperceptível (o riso genuíno nos momentos marcantes, você por completo... com saúde)... cuide-se... e ofereça o melhor aos que ama... ofereça seus anos vindouros!!!
Compartilhe... seus conhecimentos... seus acontecimentos...
Viva... e transforme-se sempre que possível for.