Olimpíadas, competições, modalidades coletivas ou individuais, o assunto era o mesmo nesse mês de Agosto de 2008. Madrugadas mal dormidas desejando a conquista.
Espírito olímpico no ar; “aquela” expectativa de vitória, de missão a cumprir, de mostrar para o mundo que o Brasil pode e que somos sim um povo que luta.
Será?
Pode ser que para questões relacionadas à torcida, relacionadas ao esporte, pra isso sim o “Brasil” tenha de sobra força de vontade pra lutar. Por exemplo, na última copa do mundo, me recordo que diversas pessoas eram liberadas do trabalho mais cedo para assistirem aos jogos, torcer e fazer voz para que o seu time fosse ouvido! Batiam o pé por isso.
E em dias olímpicos a vontade de ser melhor do que se é, bate forte. Almejamos com toda intensidade a cor dourada, que é o topo mais alto. Choramos juntos, sofremos juntos, nos alegramos juntos, damos o nosso melhor, cantamos o hino juntos, alguns xingam, outros silenciam, mas fato é que poucos ficam indiferente. Não há mal algum em torcer, em ser liberado mais cedo pra ver o time do coração jogar. Mas porque para outras questões como a política, por exemplo, não percebemos esse Brasil tão unido pra reivindicar seus direitos? Por que o esforço não é o mesmo, ou sequer parecido?
Em alguns momentos nas olimpíadas em Pequim a medalha de ouro esvaiu-se entre os dedos quando estava certa da morada que teria.
Motivos pra isso? Diversos: falta de concentração, medo, insegurança, falta de sorte, falta de investimento, falta de fé, etc. Cada um tem a sua versão, além, claro, da nossa condição humana de sermos passível ao erro.
Porém a questão não é falhar, mas sim assumir essa derrota. Muitos discursos tentaram encobrir de forma leviana a derrota digna de alguns atletas. Alguns não queriam se conformar com um amanhecer mais prateado que dourado e diziam aos quatro cantos:
- Ah! Essa medalha pra nós é ouro, tem gosto de ouro e é isso que vale!!
Não a nada de mais em perder, em lutar, treinar e não conseguir. O problema é tentar tampar o sol e não admitir que a medalha, na prática, tem gosto do que ela é. Se ela é prata que seja saboreada como tal. Sabe-se lá o que faltou pra ser dourada? Pode ter sido injusto, mas veio de outra cor, então aceite-a dessa vez e não pra sempre, na próxima faça uma melhor diferença. Porém dê o valor completo para a vitória que conquistou.
Logo após o sonho olímpico, despertamos e deparamos com a realidade de eleições próximas. Será que nesse jogo apostamos todas as nossas fichas também? Será que acreditamos no Brasil e batemos no peito por um futuro melhor?
Quem sabe nos próximos mandatos o governo (escolhido por nós) não invista mais em educação e esporte? Talvez os próximos finais olímpicos sejam diferentes e melhores que esse...
Joyce Abbade
7 comentários:
É...
Pelo menos podemos dizer que no Bronze o Brasil é Ouro! E ainda temos que agradecer muito, muito mesmo aos nossos atletas que nao recebem um pingo de incentivo a nao ser uma bolsinha ridicula dada pelo governo, que nem nomeado de 'salário' deve ser. Se bem que isso nao é diferencial nenhum, a seleção masculina nego recebe rios de dinheiro e trouxeram um bronze mais sem brilho do mundo! Com relação a nossa eleição, eu acho que o brasileiro tá mais atento e menos otário com relação à enrolação política, e isso é ótimo, pq já tava na hora de aprender, mas isso se dá pela profunda modificação educacional e economica que o povo brazuca vem sofrendo ao longo do tempo. Nossa classe média tem esticado e as politicas publicas de incentivo ao estudo técnico e superior aumentaram significativamente. Agora é continuar verificando de perto, porque onde tem poder, tem corrupção. Isso é inevitavel.
Beijos
Não tem como não pensar na música "O Vencedor", do Los Hermanos. No mundo do capital só a vitória interessa. E no terceiro mundo o que importa mais é desviar verbas do esporte para as contas bancárias dos prostitutos que governam.
Mas, sempre acreditando que o próximo governo será diferente... Vamos votar e cobrar.
Olimpíadas é uma hipocrisia televisiva..
prefiro a Libertadores da América..rsrs
O que é atleta de alto rendimento????
Perdoe mas acho que há uma incoerência no seu discurso.. se é para o brasileiro ser guerreiro e assumir a medalha a qual é merecedor é fato. Mas quando a derrota é por motivos extraordinários que fogem a nossa alçada e claramente manipulatórios é lógico que devemos espernear até termos a medalha a qual achamos que merecemos!!! Se foi injusta deve se lutar até o fim nem que leve para o tapetão essa decisão.. e assim muito mais na política e nos interesses de cada cidadão para a nsssa cidade. Se por falta de esforço nosso tudo bem, aceitemos e assumamos nossa posição de segundo ou terceiro lugar. Mas se a máquina governamental opressora for utilizada para causar a derrota daqueles que tem poder menor de influência não é o tipo de medalha de prata que deve ser assumida porque realmente essa só deixou o gostinho de ouro na boca igual melzinho na chupeta. Não nos contentemos com tão pouco.
Mas é certo que nossa consciÊncia em geral é alienada e só lembramso de chroar quando perdemos o campeonato ou a medalha e não nessas questões políticas.. já disse alguém que o povo só precisa mesmo é de pão e circo .. abçs
A máquina opressora é o próprio capitalismo e no que os jogos olímpicos se transformaram.
Um viva à COMPETIÇÃO,CONCORRÊNCIA e VITÓRIA(ouro)a qualquer preço.
Esse é o atual espírito dos jogos...
O problema do cenário esportivo brasileiro é que só se investe em futebol, e mais recentemente, no vôlei (a partir da década de 90). Nos outros esportes, como o atletismo, a natação, a ginástica, o basquete, o handebol, o judô... todos têm que se virar do jeito que dá, com apenas um patrocínio (em geral, a Caixa) ou nenhum.
Não há investimento... e com isso perdemos muitos atletas e muitas esperanças.
"Pelo menos podemos dizer que no Bronze o Brasil é Ouro!"
Haha. Bem, é a realidade que deturpa as coisas. Vencer não é a mesma coisa se você não vence. Perder não é a mesma coisa quando é você que perde. É complicado.
E não aceitar é sempre mais simples quando não é você que não está aceitando. E nesse caso, parece que é uma nação inteira não aceitando. É complicado.
Um positivista terminaria o comentário com: mas um dia a gente chega lá.
Um pessismita diria: mas, assim, sem infra-estrutura, sem apoio, com esse governo merda, a gente nunca vai chegar lá.
E eu digo: belo texto, Joyce.
(J.D. CRESPO)
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